Desfolhada
Corpo de linho,lábios de mosto
meu corpo lindo,meu fogo posto.
Eira de milho,luar de Agosto
quem faz um filho, fá-lo por gosto.
É milho-rei,milho vermelho
cravo de carne.bago de amor
filho de um rei,que sendo velho
volta a nascer,quando há calor.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha mágoa e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.
É trigo loiro,é além tejo
o meu país,neste momento
o sol o queima,o vento o beija
seara louca em movimento.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Olhos de amêndoa,cisterna escura
onde se alpendra,a desventura.
Moira escondida,moira encantada
lenda perdida,lenda encontrada.
Oh minha terra,minha aventura
casca de noz desamparada.
Oh minha terra,minha lonjura
por mim perdida, por mim achada.
Letra: Ary dos Santos
Música: Nuno Nazareth Fernandes